Eduardo Matos
Um mês em Helsínquia
Helsínquia, março de 2022
Após um longo inverno, os dias de luz chegaram finalmente. Nessa altura era costume ver o meu vizinho sentado à porta do prédio. Estava velho e doente e fumava os seus cigarros, eu também.
Aos meus cumprimentos de bom dia, nunca respondeu e assim passavam os dias.
Juntos fumávamos todos os cigarros do mundo.
No meu último dia naquele apartamento, ele finalmente respondeu ao meu cumprimento.
– Pato.
Ia jurar que foi o que entendi.
One month in Helsinki
Helsinki, March 2022
After a long winter, the days of light have finally arrived. In those days it was common to see my neighbour sitting at the door of the building. He was old and sick and he smoked his cigarettes, so did I.
To my good morning greetings, he never replied and so the days passed one after the other.
And so we smoked all the cigarettes in the world, together.
On my last day in that apartment, he finally replied to my greeting.
– Duck.
I could swear that’s what I understood.
Eduardo Matos nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1970. Vive e trabalha em Lisboa. Mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas (FBAUP).
Trabalha desde 1999 como artista plástico. No seu percurso tem vindo a desenvolver trabalhos onde cruza a linguagem imagem/vídeo/escultura com a tridimensionalidade espacial e interactuante de instalações reconstruindo e descontruíndo especificamente em cada lugar e a cada momento as peças que compõem o simulacro de um jogo de metáforas estéticas, identitárias, sociais, políticas e geográficas.
É co-editor do Inland Journal.
Foi membro fundador do Salão Olímpico (2003/06).
Desde 2001 organinza e comissaria exposições.
.
Eduardo Matos born in Rio de Janeiro (Brazil) in 1970, and lives and works in Lisbon.
Masters in Contemporary Artistic Practices (Faculty of Fine Arts, University of Porto).
His works intersect the languages of image/video/sculpture with the spatial and interactive three dimensionality of the installation. In his site-specific works, he recreates and deconstructs the simulation of a game that contains aesthetic, social, political, and geographic and identity metaphors. He collects elements and remnants from the civil universe- its codes, laws and rules, events and history- that he uses to fill up a space, in a composition, that attempts to establish a relation amongst them. These are not narratives or descriptions but disrupted images, which build up realities and question the organizational, management and learning processes that are part of modern democratic society.
He is co-editor of the Inland Jornal.
He was a founding member of the Salão Olímpico (2003/06).
Since 2001, he organizes and curates exhibitions.